Poema em quatro partes:
1- O Pesadelo do Belo Planeta
Corriam em mim
fontes e rios
Corriam em mim
águas que desciam em cachoeiras
Corriam em mim
águas que iam ao mar
As fontes e os rios secaram
Não há mais rios e cachoeiras
Não há mais águas que vão ao mar.
fontes e rios
Corriam em mim
águas que desciam em cachoeiras
Corriam em mim
águas que iam ao mar
As fontes e os rios secaram
Não há mais rios e cachoeiras
Não há mais águas que vão ao mar.
2- O Planeta e Drummond
"E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?"
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?"
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"Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?"*
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?"*
3- A Morte do Planeta
José parado e mudo ficou
porque num alienado mundo morava
e de braços cruzados estava
No pó da poeira enterrado,
junto a Josés e Marias
jaz o antes Planeta Belo.
4- Acorda, José!
Acorda alienado, mudo e mau José
para que vivam teus filhos, se bons Josés
e vivam as ave-marias
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*Carlos Drummond de Andrade (1912 - 19 87).
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Nota: Escrevi Drummond e o Sonho do Planeta Terra dia 31 de outubro passado, dia em que Carlos Drummond de Andrade completaria 106 anos. Fica, pois, aqui registrado, esta pequenina homenagem ao grande poeta mineiro.
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